segunda-feira, 14 de abril de 2014

Não é fácil ser juiz em causa própria

Não é fácil ser juiz em causa própria quando olhamos para a nossa Vida à procura dos  seus grandes momentos, bons ou maus, mas os que realmente foram definidores.
É, até, pelo menos para mim, impossível fazê-lo sem experimentar um misto complexo de emoções que, de braço dado com as memórias, oscilam entre os sorrisos abertos e gargalhadas sinceras com o saudosismo triste e apertado e a dor sufocado pelos que já vi partir nesta caminhada.
Sim, já ganhei muitas vezes, perdi outras tantas. Ganhei-me ainda mais mas também foram muitas as vezes em que me perdi. Por isso é que quem me conhece bem diz que a minha principal característica é a capacidade de renascimento.

E se há coisa que me enche de orgulho é isso mesmo. Quem me conhece bem saber que sou sempre capaz de renascer, de recomeçar, de me superar. De reiniciar.
Sempre, uma e outra vez. E digo “orgulho”, porque reiniciar é uma característica que só os grandes vencedores têm.
Como escreveu Tony Parsons, a verdadeira grandeza, a grandeza que outros homens irão recordar cem anos depois da nossa morte, chega apenas depois de reiniciarmos.
Depois de treparmos até ao topo da árvore, cairmos cá em baixo, de ossos esmagados, e de nos levantarmos de novo.
Quanto o destino nos reduz a pó e o mundo nos vê como um caso perdido, é então que temos de nos reiniciar ou render.
Exemplos: Steve Jobs, Muhammad Ali e Frank Sinatra. As suas carreiras não foram ficando cada vez mais fortes. Houve períodos negros em que estes homens estiveram de joelhos no chão. Todos viveram fases catastróficas. Todos tiveram de reiniciar.
Eu já reiniciei algumas vezes. Na vida profissional e na vida pessoal. E tudo valeu, valerá a pena se um dia os meus filhos sentirem orgulho em algumas das coisas que o Pai fez.
O convite da Manuela para escrever algo a propósito da sua fantástica iniciativa A minha Vida dava um livro, que muito me honrou, provou-se a mim mesmo, nestas singelas linhas, como um extraordinário sopro de sucesso. Porque contar a alguém a nossa história, a nossa vida, obriga-nos a um exercício que, sinceramente, é ele próprio uma bênção, um momento enriquecedor e de grande emoção.
"Não siga a estrada, apenas; ao contrário. Vá por onde não haja estrada e deixe uma trilha”.
RÉMULO MARQUES, JORNALISTA E DIRIGENTE DESPORTIVO, 35 ANOS

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